Os cursos de férias da Estácio de Sá, aqui no Rio, são sempre surpreendentes e muitas vezes agradáveis. Pessoas que abrem mão de uma praia ou algum passeio para refletir sobre A LINGUAGEM SECRETA DOS SONHOS ou INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA JUNGUIANA, disciplinas que tenho o prazer de ministrar, têm realmente alguma motivação interior muito especial.
Em janeiro de 2009, compareceu uma aluna sempre atenta e curiosa, estudante de Psicanálise e interessada em conhecer um pouco mais da Psicologia Junguiana (Analítica). Sua capacidade de apreensão e interesse logo sobressairam, além do importante aspecto de grande clareza das idéias e por apreciar o conhecimento aberto. Sim, a capacidade de questionamento e as interrogações eram por ela valorizadas, apreciando a percepção do conhecimento humano como um somatório de várias experiências pessoais, sem se fixar em dogmas ou nos limites do aprendizado.
Surpreendeu-me, após o curso, ver um artigo feito por ela, mostrando também sensibilidade e vontade de participar suas experiências no campo do conhecimento humano com outras pessoas.
Vamos logo a esse artigo que a autora teve a gentileza de liberar para publicação aqui neste blog:
FLERTANDO COM JUNG
Por Vanessa Souza, jornalista e estudante de Psicanálise Clínica.
Em janeiro de 2009, compareceu uma aluna sempre atenta e curiosa, estudante de Psicanálise e interessada em conhecer um pouco mais da Psicologia Junguiana (Analítica). Sua capacidade de apreensão e interesse logo sobressairam, além do importante aspecto de grande clareza das idéias e por apreciar o conhecimento aberto. Sim, a capacidade de questionamento e as interrogações eram por ela valorizadas, apreciando a percepção do conhecimento humano como um somatório de várias experiências pessoais, sem se fixar em dogmas ou nos limites do aprendizado.
Surpreendeu-me, após o curso, ver um artigo feito por ela, mostrando também sensibilidade e vontade de participar suas experiências no campo do conhecimento humano com outras pessoas.
Vamos logo a esse artigo que a autora teve a gentileza de liberar para publicação aqui neste blog:
FLERTANDO COM JUNG
Por Vanessa Souza, jornalista e estudante de Psicanálise Clínica.
Nas últimas semanas participei de uns cursinhos de férias de uma universidade carioca, 16 horas cada um. Quase um cursinho pré-vestibular sobre cada tema. O básico-do-básico-do-básico. Mesmo com toda a pressa, deu para “desconfiar” de muita coisa.
Introdução à Psicologia Junguiana foi um deles. Nem sei por quais motivos nunca havia estudado Jung. Depois da primeira aula, até descobri que tinha um pequeno volume, do tipo resumo-do-resumo, sobre as teorias dele. Logo no prefácio, o autor já avisa que Jung era o Lado B da psicanálise: confuso, bígamo e ex-discípulo de Freud.
Carl Gustav Jung nasceu em 1875, na Suíça – só para situar o leitor. Estudou medicina, tornou-se psiquiatra e em 1906 trocou a primeira carta com Freud – precursora de uma vasta correspondência. O primeiro encontro pessoal dos dois durou 13 horas. Eita cafezinho longo! A amizade não durou muito. Jung divergiu das idéias de Freud e, em 1913, Sigmund rompeu com o pupilo. Jung ficou anos deprimido por conta dessa cisão.
Uma das coisas que mais me chamou atenção na obra de Jung foram os arquétipos. Perdoem-me se eu for muito didática, mas meu conhecimento sobre o tema não me permite maiores termos-técnicos-que-mostram-que-o-autor-sabe-tudo. Arquétipo é tudo aquilo que é basilar para o ser humano, que é universal. Quando nascemos teremos todas as experiências básicas/arquetípicas que estão previstas, no mundo mental, biológico e os instintos. Os arquétipos são tijolinhos vazios, onde cada um coloca sua massa de experiências, sua tinta. O arquétipo é bipolar, tem seu lado bom e ruim. Como o arquétipo da mãe nutritiva e o da mãe devoradora – aquela que alimenta e aquela que sufoca. Quem não tem uma delas? Ou as duas, alternadamente.
Outro conceito de Jung que eu adorei é a sombra. Para Jung, a sombra é tudo aquilo que o indivíduo não queria ser. Ou seja, o que ele deseja jogar para baixo do tapete – “O complexo de sombra pode se compor tanto de conteúdos que nunca estiveram na consciência como daqueles que foram reprimidos por estarem em desacordo com a identidade construída pelo ego”.
Os tipos psicológicos, que eu já tinha ouvido tantos psicólogos falarem, só ficaram claros agora. São quatro as funções da consciência: sentimento (que confere diferentes valores às experiências), pensamento (que apreende os significados), sensação (a apreensão por meio dos sentidos) e a intuição (que capta as possibilidades futuras e o “clima” do ambiente). O pensamento e o sentimento são racionais, sensação e intuição, irracionais.
No fim das contas, resultam em oito os tipos psicológicos, pois cada uma das quatro funções da consciência podem ser extrovertidas ou introvertidas – as atitudes do eu. Resumidamente, no extrovertido a energia psíquica é voltada para o mundo dos objetos e acontecimentos exteriores, aos quais ela se liga e dos quais depende; já o introvertido é voltado para os objetos internos ou subjetivos, que determinam o comportamento.
Para concluir, o que ocorre é que uma das funções se desenvolve e serve como a principal forma de adaptação do indivíduo. Duas outras funcionam como funções auxiliares e a quarta fica pouco desenvolvida, tornando-se próxima do inconsciente. Agora eu entendo como alguém pode ser puro sentimento e ser capenga no pensamento. Ou qualquer variação sobre o tema.
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