Resolvemos fazer uma parada estratégica e temporária nos nossos artigos.
Eles foram feitos com muita dedicação e entusiasmo. Entretanto não sabemos como estão sendo percebidos pelos leitores, pois apenas alguns nos deram retorno sobre suas impressões. Na realidade não sabemos se a medida estava certa, se poderíamos aprofundar mais alguns conceitos e idéias ou se seria melhor elaborar artigos mais leves.
Ocorre ainda que precisamos dedicar nosso tempo atual a um antigo projeto:
“Grande Sertão: Uma Travessia Arquetípica”.
Isso mesmo, pretendemos fazer uma leitura da obra maravilhosa de Guimarães Rosa com a referência da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung. Acreditamos que o resultado poderá ser gratificante. O projeto é a amplificação de uma monografia já apresentada num curso de pós-graduação.
Como aperitivo, eis algumas citações do grande Rosa nessa sua obra:
“Buriti quer todo azul, e não se aparta de sua água - carece de espelho. Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende” (p. 289). Instigante relação entre a árvore símbolo do cerrado e do sertão brasileiros na sua necessidade de “espelho”, o que também ocorre com o bom professor que se vê no aluno. Ele não pode ser uma ameaça e sim a possibilidade de crescimento de ambas as partes! E a dinâmica da aprendizagem sempre atinge o EDUCADOR. Na realidade, nem todo professor é um educador, mas seria esse o grande ideal!!! E Rosa deve ter se referido a essa diferença.
“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso me alegra, montão. (p. 21). Está aí apresentada uma deixa para o processo de construção de uma individualidade que leva toda uma vida: o Processo de Individuação – conceito basilar de Jung na sua psicologia.
“Qual é o caminho certo da gente? Nem para frente, nem para trás: só para cima. Ou parar curto quieto. Feito os bichos fazem. Os bichos estão só é muito esperando? Mas quem é que sabe como? Viver ..... o senhor já sabe: viver é etcétera.” (p. 87).
“O ruim com o ruim, terminam por as espinheiras se quebrar – Deus espera essa gastança. Moço: Deus é paciência ... Até as pedras do fundo, uma dá na outra, vão-se arredondinhando lisas, que o riachinho rola ... tudo quanto há, neste mundo, é porque se merece e carece. Deus não arrocha o regulamento. Deixa: bobo com bobo – um dia, algum estala e aprende: esperta. Só que, às vezes, por mais auxiliar, Deus espalha, no meio, um pingado de pimenta (p. 16).
E, para finalizar, uma pequena amostra da gente do seu sertão e dos seus Gerais: “Eu sou é eu mesmo. Divêrjo de todo o mundo ... Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa ... para pensar longe, sou cão mestre – o senhor solte em minha frente uma idéia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém!” (p. 14).
Após essa pequena mostra da capacidade impressionante de comunicação de Rosa, tentando unir o sertão interior e o exterior, fazemos nossa despedida. Que não seja por muito tempo...
E se você quiser se comunicar, dar sugestões, comentar......... o que for, entre em contato:
Kairos800@yahoo.com.br
Um grande abraço!
Bosco e Ingrid